sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A arte do garimpeiro #2

Sem ter a pretensão de ser o único divulgador, apenas desejo partilhar “descobertas” com aqueles a quem possam interessar.

Jesca Hoop

Americana de nascença, será filha de mormons e terá sido babysitter dos filhos de Tom Waits, mas será que isso quer dizer alguma coisa? Recentemente mudou-se para o outro lado do Atlântico, para a cinzenta Manchester. Guy Harvey dos Elbow é uma asa protectora e um conselheiro e colaborador de serviço.

Trata-se de um universo musical muito próprio e com múltiplas influências que não interessa muito elencar. Essa riqueza está presente na sua música.

Editou até agora um EP – Kismet – ainda nos Estados Unidos e agora (foi editado já no ano passado no Reino Unido) o álbum Hunting My Dress. Uma belíssima voz em músicas que se recusam a encaixar dentro de um formato ou género reconhecível.
A desfrutar.

A arte do garimpeiro #1

Eu também andei por lá, Ministars, Onda Choc, Europe, Modern Talking, Scorpions, Bon Jovi. Mas comecei a descobrir que aquilo que me ofereciam não seria bem o que mais agradava ao meu paladar musical. Use Your Illusion terá começado a desviar-me para o lado sombrio da força. Fora a rádio local, fora a RFM, fora o Top+ (ou os seus antecessores). Entram as cassetes emprestadas, as horas passadas a tentar gravar músicas da rádio sem anúncios, aquele irmão mais velho do amigo que tem uns Cd’s de umas bandas que ninguém conhece. As noites passadas a ouvir a Margem de Certa Maneira do Rui Vargas na Comercial já a entrar pela madrugada.

Depois Lisboa e as rádios até aí inacessíveis. A XFM. Nada por princípio contra o mainstream, mais o sentido de um gosto pessoal e de uma certa auto-suficiência na procura das referências musicais.

Hoje tudo isso está exponenciado, as fontes são virtualmente infinitas, existe sempre alguém capaz de te levar para outro patamar de exotismo, mas no fundo a busca que subsiste (sempre enquadrada dentro de um universo de gosto pessoal) é a de boa música, de ser surpreendido, de ser tocado pela sensibilidade de pessoas que cantam a tua vida também.

Por isso há que garimpar. Nem sempre o peneirar revela pepitas.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Publicidade Grátis (Coisas para Ouvir) #7

Ah pois é (longo bocejo) a inércia é uma coisa terrível. Mas cá vai mais um acrescento inútil à blogoesfera.
Aquilo que valeu a pena ter ouvido este ano (chegando-se mesmo a comprar as rodelas de plástico):

Local Natives - Gorilla Manor (Frenchkiss Records) Fevereiro 2010
Beach House - Teen Dream (Sub Pop) Janeiro 2010
Joanna Newsom - Have One on Me (Drag City) Fevereiro 2010

LCD Soundsystem - This Is Happening (DFA Records) Maio 2010

The National - High Violet (4AD) Maio 2010

Arcade Fire - The Suburbs (Merge Records) Agosto 2010

Grandes concertos de Beach House (Lux) e The National (Super Bock Super Rock). Desiludido com LCD Soundsystem no Optimus Alive. À espera de Arcade Fire em Novembro no Pavilhão Atlântico, junto à cimeira da NATO.

Até breve.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Publicidade Grátis (Coisas para Ouvir) #6

Pistas para um ano que acaba e um ano que começa.
Coordenadas: Londres, Canadá, Estados Unidos (com Brooklyn a fervilhar) e Portugal
(de várias fontes - sugiro consultar os respectivos sítios no Myspace)

The Maccabees
Say Hi
Chris Garneau
Timber Timbre (excelente surpresa)
Noah and the Whale
Lightning Dust
Novo Álbum de Metric
Noiserv
Hey Rosetta!
Malajube
Novo Álbum de Patrick Watson and The Wooden Arms
Speech Debelle
Miles Benjamin Anthony Robinson (já com dois discos - vai ser grande)
A salivar à espera de ter nas unhas o novo álbum de Beach House, que pelo concerto do Super Bock em Stock, promete muito.

E-Report #1


Reportagem do Elefante.

Depois de um período de longa inactividade, o Elefante andou a ponderar os prós e os contras de manter um blog vs. a absorvente vidinha do dia a dia. E chegou à conclusão que vale a pena o esforço, sobretudo de partilhar.

Assim aqui fica a primeira Reportagem do Elefante.

No passado fim de semana, mais propriamente no Sábado, realizou-se a final da 15ª Edição do Festival Termómetro (que já não é Unplugged, e já agora, já não é limitado apenas a bandas nacionais). Local: Sala das Colunas do Lx Factory, em Lisboa, nova meca da programação idependente e cool. Primeiro erro, na minha opinião. Eu sei que a final já se realizou em diferentes localizações entre Porto e Lisboa, mas as condições criadas naquele espaço, não eram as indicadas a quem queria ouvir música. Muita dispersão do som (péssima acústica) e muitas pessoas em ambiente de semi-festa para quem a música é apenas um pano de fundo para conversas necessariamente gritadas. Conclusão: atrás e ao lado da PA já pouco se ouvia definidamente (quero imaginar que à frente se ouvia). Outro problema que a organização terá que resolver são os tempo mortos entre as bandas. O Festival começou à 1:00 e terminou às 5:00 (actuação de 7 bandas, 4 músicas cada, incluíndo os vencedores do ano passado e os seis finalistas deste ano). Foi mais o tempo entre actuações, que o tempo das actuações propriamente ditas.

Posto isto passemos às bandas. Primeiro confessar que não conhecia nenhuma, não sou amigo de ninguém e que não tinha visto nenhuma eliminatória. Fui ouvir o Myspace de todas elas depois do festival para tentar perceber melhor aquilo que por vezes não tinha conseguido ouvir.

1ª Banda: Long Way To Alaska (Portugal). Parece-me um universo musical que está a dar os primeiros passos em termos de definção estética, o que confirma com as idades dos membros e o tempo de existência da banda. Música intimista e introspectiva com uma composição de elementos curiosa. Os mais prejudicados pelo mau som.
Ponto alto: "Sicilian Relation(ship)"

2ª Banda: Autumn Comets (Espanha). Nuestros Hermanos subiram logo o patamar um pouco. Como estavam num regime mais eléctrico o som já se percebia um pouco melhor. Pop-rock com uma componente bastante melódica. Mas pouco inovadora em termos creativos.
Ponto alto: versão de "Paper Planes" de M.I.A. (o que já diz um pouco sobre as suas músicas).

3ª Banda: The Hypers (Portugal). Rock n´Roll puro e duro, curto e grosso com o pé no acelarador e atitude em palco. Muita energia que conseguiu passar para o público. Uma voz característica. A coesão estética está lá, com apenas um ou outro desvio, como um tema a piscar os olhos a uns Joy Division, o que desconcertou talvez um pouco, dado aquilo que estava a ser apresentado até aí.
Ponto alto: "Close to Me"

4ª Banda: Black Taxis (Alemanha/EUA). A partir daqui ficou no ar que os possíveis vencedores poderiam estar encontrados. Animais de palco, com uma rodagem muito superior a todas as bandas anteriormente apresentadas. Rock clássico mas com uma componente melódica. Algures entre Iggy Pop and the Stooges e Franz Ferdinand, postos na misturadora e com um sabor diferente dado pela voz do vocalista. Acabaram por vencer, creio eu, muito em função da prestação demolidira em palco.
Ponto alto: "When We Where Ghosts"

5ª Banda: You Can´t Win Charlie Brown (Portugal). Os melhores dos portugueses. Som laborioso e pormenorizado que é mais difícil de transpor ao vivo, acabando por ser prejudicados pelo volume do som. Um universo sonoro menos imediato, mais exigente para o ouvinte, algures entre um Patrick Watson (talvez pelas semelhanças da bonita voz do vocalista) e o psicadelismo de uns Flaming Lips num estado mais apaziguado.
Ponto alto: "Melódica" (do Myspace deles)

6ª Banda: Hallo Kosmo (Bélgica). A Bélgica sempre foi fértil em projectos interessantes. Depois de analisado o respectivo Myspace, parece-me claro que são os que estão mais próximos do profissionalismo, com uma coesão estética que vai desde o imaginário visual ao imaginário sonoro. Aparentemente terão começado mais num electro-pop (ou mesmo pop) orelhudo e agora a caminho de um electro-clash mais orientado para a pista de dança.
Ponto alto: "Ain´t a Thing" (do Myspace deles)


Para fechar a noite três nomes do pop-rock cantado em português em palco: Samuel Úria, B Fachada e Manuel Cruz.
Os vencedores acabaram por ser os Black Taxis.

Au Revoir